Uma mescla de sons para a contemporaneidade: as canções dos Worship Of The Senses (WOTS) assemelham-se a um sonho tingido de melodias rock e pop a comungar sem data de validade. Ámen.
Ao primeiro álbum, editado recentemente, os WOTS, pegam no que de melhor se faz no chamado rock alternativo melódico e apresentam-nos um conjunto de 14 músicas firmes, coerentes, e muito, muito orelhudas.
Radicado na cidade de Leiria, este sexteto reúne influências tão díspares como Muse, Eels, Radiohead, Depeche Mode e umas pitadas de Tool e A Perfect Circle nos momentos mais pesados. Apesar de ser um trabalho desenvolvido em grande parte por Nuno Russo, o mentor não assumido do projecto (porque nos WOTS não há protagonistas), as atenções estão longe de recair numa só cara e o tapete vermelho desenrola-se para que sobre ele desfilem as grandes estrelas: as canções.
Da capa – a recriação de um hipotético Big Bang – aos hinos rock “Parallel” e “Alzheimer” e canções mais delicodoces “D-Tox”, “The Mystery Of The Flame”, WOTS é um álbum que destila modernidade sem esquecer o que está para trás musicalmente; trata-se de um objeto feito para agradar a classicistas e incondicionais da era do download e do soundbyte.
Neste álbum impera a matéria prima de que é feita os nossos sonhos ou de que gostaríamos de os imbuir – em “Doppelgänger” temos ecos de psicadelismo, que ajudam a perceber que a banda pretende seguir, no futuro, caminhos mais intricados, à maneira de uns Radiohead, e em temas como “Birth To A Smile ou “Kamasutra” somos bafejados com canções perfeitas para sentir o pulso ao ente amado ou assistir a um pôr-do-sol sem ter de vestir o fato de escuteiro.
Para os WOTS, o presente é a data impressa na caixa do disco; a música, essa, continua a pairar numa nuvem intemporal – e tirá-la de lá seria quebrar o feitiço que tão deliciosamente se prolonga neste álbum de estreia.
Crítica por Gonçalo Pereira na Rádio Cotonete a 02 de Dezembro de 2011
Texto: Gonçalo Pereira